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Gravura

     Em 2019 tive meu primeiro contato com o atelier de gravura da UFRGS em uma das cadeiras da faculdade mas não tive o menor interesse nas aulas e nas técnicas. 

Hoje considero toda minha produção na matéria gravura de certa forma.

     Minha poética se desdobra em vários ramos, mas todos eles abrangem de uma forma ou de outra a questão da tradução, da ponte entre material e imaterial e da possibilidade de abolição da fronteira entre um e outro. E é nessa ponte de transcrição do imaterial para a matéria que a gravura entra. Toda tradução é um diálogo e a gravura se dá em todo diálogo que envolve a matéria; tanto os processos digitais-analógicos quanto os processos em que uso meu corpo - interface - direto na matéria. 

     Quando preparo artes de múltiplas camadas para serem impressas em serigrafia eu não estou realizando uma arte digital e nem tampouco estou fazendo uma arte analógica; a obra não está completa sem contemplar a totalidade de seu processo. A serigrafia, para mim, quando feita nesses termos é uma simulação feita carne, é informação que ganha corpo matérico: um ciborgue.

     Acho importante, todavia, deixar que não acredito na “essência” e tampouco na separação dessas duas partes (matéria e imateria); A matéria tem uma relação dialética com a imateria: tudo é um sistema indivisível entre consciência e fisicalidade. Da mesma forma que gravamos na matéria a matéria também grava na nossa percepção imaterial e em constante mudança. 

Percepção e corpo não existem separados e o mundo é onde os atores/individuos tecem seus diálogos através de seus corpos e percepções (sempre emaranhados um nos outros e entre si). 

 

     Considero gravura em campo expandido absolutamente toda forma de gravação pois a informação (digital, imaterial ou como queira chamar) não existe sem um corpo. Seja esse corpo um disco de estado sólido (SSD) do meu computador, na nuvem de um servidor distante com sua fisicalidade de localizada num mar de máquinas numa sala escondida de Pequim ou no emaranhado de neurônios e impulso elétricos da massa gelatinosa dentro do meu case ósseo.

     A sinapse é matéria e impulso elétrico ao mesmo tempo.

Engraving 

     In 2019 I had my first contact with the UFRGS engraving atelier in one of the faculty chairs, but I had no interest in the classes and techniques. Today I consider all my production in the field of engraving in a way.
     My poetics unfolds into several branches, but all of them cover, in one way or another, the question of translation, the bridge between material and immaterial and the possibility of abolishing the boundary between one and the other. And it is in this bridge of transcription from the immaterial to the matter that engraving enters.  Every translation is a dialogue and engraving takes place in every dialogue that involves the matter; both the digital-analog processes and the processes in which I use my body - interface - directly in matter.
     When I prepare multilayer art to be screen printed I am not making digital art nor am I making analog art; the work is not complete without contemplating the entirety of its process. Screen printing, for me, when done in these terms is a simulation made flesh, it is information that gains material body: a cyborg.

     I think it is important, however, to leave that I do not believe in the “essence” nor in the separation of these two parts (matter and immaterial); Matter has a dialectical relationship with immaterial: everything is an indivisible system between consciousness and physicality. In the same way that we record in matter, matter also records in our immaterial and constantly changing perception. Perception and body do not exist separately and the world is where actors/individuals weave their dialogues through their bodies and perceptions (always entangled in each other and with each other).

    I consider expanded field engraving absolutely every form of recording because information (digital, immaterial or whatever you want to call it) does not exist without a body. Whether this body is a solid state disk (SSD) of my computer, in the cloud of a distant server with its physicality located in a sea of ​​machines in a hidden room in Beijing, or in the tangle of neurons and electrical impulses from the gelatinous mass inside my case bone.
     The synapse is matter and electrical impulse at the same time.

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